Quando você decide se afastar 30 dias de cotidiano de trabalho (ou seja, sai de férias) isso pode se tornar uma tarefa um pouco árdua. Principalmente para uma pessoa inquieta como eu.
E não se trata de um mês sabático, um mês conhecendo uma nova cultura, uma nova cidade, um novo país; nem de um retiro espiritual ou de uma viagem de autoconhecimento. Decidi ficar 30 dias ao lado de meus pais e de parte da minha família. Para quê? Para exercer um pouco o papel de filha. Eles moram longe e já estão com idade bem avançada. Eu estou batendo na porta dos 42 anos e saí de casa aos 17. Senti uma vontade muito grande de estar perto e ajudar a cuidá-los um pouquinho também.
Para sobreviver a esses 30 dias sem a rotina diária, pensei em criar alguns objetivos.
Objetivo 1
Tentar ser a melhor filha que poderia ser. Para minha mãe, isso implica em ser uma ótima dona de casa — cozinhar, lavar, arrumar. Coisas que abomino fazer no meu dia a dia. Bem, para quem já ajudou a construir uma praça, a tarefinha é barbada. Acha chato, improdutivo e massacrante? Foca no resultado e coloca o maior amor do mundo em cada folha de alface sendo lavada.
Objetivo 2
Formatar algum material, fora da vida profissional, baseado nos livros e vivências, que pudesse trazer alguma contribuição para a humanidade. Tem muita coisa que eu gosto e faço fora da minha rotina profissional: yoga, meditação, estudar budismo, neurociência… Há horas queria um tempo para organizar algo sobre gerenciamento de estresse. Principalmente usando como referência todo o conhecimento que a Dra. Susan Andrews trouxe pra minha vida nos cursos de biopsicologia. E nada como um incentivo surpresa pedindo algo para ser compartilhado na convenção de início de ano do time do negócio da família. Ufa! Decidi montar algo sobre gerenciamento de estresse e corri — em três dias formatei tudo. Não deu para encaixar no programa mas serviu para que construísse algo que há meses gostaria. O melhor foi ouvir do meu irmão a seguinte frase: “Tu? Falando sobre gerenciamento de estresse? És mais estressada do que eu!” Coberto de razão! Justamente as almas mais aflitas é que correm em busca e precisam disseminar logo seu aprendizado para ver se incorporam aquilo que gostariam de ser. Tô nessa busca!
Objetivo 3
Correr. Não foi bem no início das férias, mas já que no primeiro dia de caminhada, coloquei um palmo de língua pra fora só em correr 100 metros, percebi que tinha um desafio. Incentivada pelo grupo das amigas de infância-quartenonas-geração-saúde no WhatsApp, me atraquei. Baixei o aplicativo Nike Running e já cheguei aos incríveis 3 km! Depois de experimentar a meditação e aprender que não preciso ir a um templo — mas que eu sou o templo — descobri que, ao invés de ir à academia, posso ser eu a academia.
Objetivo 4
Quem sabe um novo negócio no meio das férias? Pois então, estando em uma nova cidade com novas oportunidades, por que não aproveitar e fazer algumas visitas, abrir novas oportunidades? Ah, agora vão me chamar de louca! “Isso não é férias!” Mas tenham certeza que fazer isso de uma forma descompromissada tem um efeito incrível. “Tô relax! Não tenho nada a perder.” E nessas fechei um trabalho, tive três pedidos de orçamento e firmamos a parceria com um representante local para vender nossos serviços. Na boa, quase que como na beira da praia, tomando uma cerveja!
Objetivo 5
Cuidar dos meus pais. Isso é diferente de ser uma boa filha. É a inversão dos papéis. Cheguei à conclusão que para tê-los bem cuidados é preciso algo além de amor. É claro que não têm mais autonomia — 85 anos da idade, doenças se agravando… Mas a mente não permite que se entreguem. E aí começa o embate: como o filho vai determinar o que seus pais devem ou não fazer? É o mesmo que o poste mijar no cachorro. Entrevistando (e fazendo terapia) com as candidatas a cuidadoras, percebi que meu caso não era o único e que, pra contornar esse quadro, é preciso de conhecimento, prática e uma formação específica. É preciso amor, cuidados profissionais e, sim, uma boa poupança.
Objetivo 6
Fazer um blog. Há tempos penso nisso. Mas afinal o que eu poderia falar? Do que serviria o que eu penso ou faço? Não escrevo bem e não sou uma pessoa tão interessante. Mas sei lá… Me deu vontade de compartilhar um pouco dessa minha busca. Uma busca por algo que nem sempre soube o que era. Tratava-se só de uma inquietação, uma curiosidade incrível por tudo e uma vontade de experimentar quase incontrolável. Algo que foi me levando ao questionamento raiz: afinal, que diabos eu estou fazendo aqui? Bem, eu ainda não sei. Mas uma das sensações que aprendi a reconhecer que me fazem estar próxima disso é quando me sinto em casa. Não apenas aquela sensação de conforto físico do pijama sedoso, meinha nos pés e o corpo recostado numa cama macia. É o estar em casa com o coração calmo. Sem questionamentos. Apenas feliz por estar.
Então eu acho que é isso. Vou falar neste blog das coisas e momentos que me fazem sentir voltando pra casa; comendo o sagu da mãe.
Que lindo <3
Devem ter sido 30 dias maravilhosos!
Objetivos traçados, qualidade de vida e amor de mãe/pai <3
Belo texto!
Beijos!
Essa é a nossa publicitária inquieta e sempre em busca de novos desafios!!! Adorei o blog desde já!!! Bjs.
a caminhada para dentro é sempre a mais difícil mas é a mais gratificante,intensa e duradoura. O melhor de tudo é encontrar-se numa folha de alface ou numa bolinha de sagu porque é aí que se encontra a nossa essência, na nossa raiz. Ah, eu também adoooooro sagu!
Perdi tudinho!!
Corretor ortográfico, desativar!
Lerei tudinho, é o que deveria estar escrito acima!!
Muito bom!! Vai descobrir q o mundo está cheio de “stelas” e logo vai ter um monte de seguidores.
Adorei os textos! Super parabens!